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Poemas

 

Saudades do tempo que não vivi

Apego-me ao velho,

Esse que me obriga a elevar a minha imaginação,

A um ponto incomparavelmente alto,

Para poder revivê-lo.

 

Mesmo não estando perto,

Sempre gostei desse velho,

Que na realidade,

Nunca vi,

Nunca senti,

Nunca ouvi.

 

Apesar de novo,

Tenho lembranças desse velho,

Monge sábio do Mosteiro do Tempo,

Que não volta mais,

Mas que minha imaginação, pelo menos,

Permite-me ter saudades.

Relinchos de Cavalos Negros

“Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpia dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas vãs, vulcanizadas.”

Cruz e Sousa

Vagam em voyages grandes,

Só para relinchar.

Voam com comburente,

Para o combustível não falhar.

 

Escárnios criam de nossa face,

Escabeches com seu relinchar.

Esperam dias,

Estadas anos.

 

Usufruem úvulas poderosas,

Para relinchar.

Ultrajam suas raízes,

O “U” de vaias querem evitar.

 

Do decréscimo de letras fazem dígrafos,

Do descaso com a divisão multiplicam.

Relincham da terra árida,

Ganham responsabilidade ária.

 

Magoam seus fiéis,

Almíscar para sua cútis.

Enjoam brâmanes,

Relincham perto de suas tribos.

 

Promovem monções,

Doces veranicos.

Relincham e destroem mansões,

Novos edifícios.

 

Sóis sábios, severos senis,

Fazem formigas forças fáceis,

Volatilizam vossos vis vultos.

E relincham, ah, como relincham.

 

Faço minhas tuas palavras Cruz e Sousa.

Somos vozes veladas, veludosas vozes,

Hiatos para com vocês,

De hermenêutica com hieróglifos.

 

Peço facas afiadas,

Para desfiar o relinchar.

Queria menos cavalos,

Frituras com menos óleo.

 

Mas sóis os que detêm a polis,

Desordinários braços direitos de Têmis.

Estão com punhais,

Nosso medo e relinchando a aurora.

Passos

 

De dentro do meu corpo,

Doou a alma.

Faço-te presente.

És éter frio.

 

De dentro da bomba,

Tiro-lhe a pulsação.

Deixo-te vibrante.

Estás vivo.

 

De dentro da norma,

Retiro a polissemia.

Engrandeço-te ao abrangente.

Estás perto de ser gente.

 

De dentro do estilo,

Percebo um novo acabamento.

Crio tua base.

Tens pilotis.

 

Com uma caneta e um papel,

Concluo tua forma

E o vejo pronto.

Podes voar.

Poema Existencial Inexplicante

Segredos não são somente segredos,

São dores contidas.

Segredos não são só segredos,

São desejos encaminhados ao além.

 

Flores não são somente flores,

São a esperança da primavera.

Flores não são só flores,

São a doçura em forma de pétalas.

 

Amor não é só amor,

É um pedido platônico.

Amor não é só amor,

É uma tentativa de felicidade.

 

Felicidade não é só felicidade,

É a busca eterna do paradisíaco.

Felicidade não é só felicidade,

É à vontade de ir ao infinito.

 

As estações não são somente estações,

São a passagem do sol.

As estações não são somente estações,

São vôos de gaivotas.

 

Medo não é só medo,

É a dominação do escuro.

Medo não é só medo,

É o pensamento byroniano.

 

Vida não é só vida,

É o planejamento do incerto.

Vida não é só vida,

É uma passagem no meio do infinito.

 

Morte não é só morte,

É o início do eterno.

Morte não é só morte,

É o grito no mistério.

 

A existência não é só existência,

É...

 

Gotas Amargas

 

Caninana, 
Sua volúpia. 
Cascavel, 
Seu movimento. 
Jararaca, 
Suas palavras. 
Naja, 
Sua figura. 
Sucuri, 
Sua densa força. 
Basicamente... 
... sua sordidez.

Perigo

Calmo, 
Normal, 
Um pouco estressado, 
Preocupado, 
Com medo, 
Correndo, 
Sem digitais. 

 

Dia de Junho

Arco-íris em bandeirinhas, 
Danças e rodas, 
Igrejas à mostra, 
Somos iguais. 

 

Minutos bons, 
Minutos máximos, 
De frio e calor, 
Da noite e fogueira. 

 

Chapéu de palha, 
Uma estrela no céu, 
Quanto tempo perdi? 
Se é junho... 
Acréscimo na minha longevidade. 

 

Dívida 

 

Sinhôzinho era bonito,  

Sinhôzinho era rico,  

Sinhôzinho era dono,  

De fazenda,  

De Casa Grande,  

Di eu...  

E fazia maldade.  

Chicote, açoite e taca,  

Em tirante de madeira.  

 

Hoje, sou livre,  

E sinhôzinho morreu.  

 

O Cobertor 

 

O menino graúdo,  

Voltou do trabalho,  

Queria descanso,  

Algo no quarto.  

Deitou-se.  

Noite Trevas  

Sono Insônia  

Medo Pesadelos  

Calma Sonhos  

Pedra Relógio  

Dia Luz  

Levantou-se.  

Queria ficar.  

Voltou ao trabalho.  

A espera do Redentor.  

 

 

A sombra do girassol

 

Com a luz vem a  

Sombra.  

Com o sonho a  

Desilusão.  

 

Com o amor vem a  

Dor.  

Com os segredos vem o  

Medo.  

 

Com o orvalho vem a  

Inundação.  

Com a nuvem vem a  

Seca.  

 

Mas a sombra é pouca.  

E a desilusão menor.  

A dor acaba.  

E o medo supera.  

 

A inundação passa.  

E a seca para.  

 

Tudo para explicar um girassol.  

 

Frágil,  

Forte.  

Pequeno,  

Grande.  

 

E brilhante, 

E bonito,  

E eterno.  

Igual a vida,  

Que nem o passado pode apagar. 

Saudadesd tempo que não vivi
Relinchos de Cavalo Negros
Passos
Poema Existencia Inexplicante
Gotas Amargas
Perigo
Dia de Junho
Dívida
Cobertor
A sombra do girassol

 

A seca  

 

Eras vivo,  

Agora morres.  

Renasces do dilúvio,  

Morres com Zeus.  

 

João capinou,  

Deu milho.  

João chorou,  

Deu feijão.  

 

Pedro semeou,  

Floresceu espinhos.  

Pedro pediu,  

Cresceu a areia.  

 

Eras vivo,  

Agora morres,  

Mais um inverno,  

Mais uma primavera,  

E se espera pelo verão.  

A ao quadrado

 

É todo tipo de arte,  

Chapada.  

É todo tipo de poesia,  

Apolitizada.  

 

Concretiza-se,  

Na mudez artística.  

Espalha-se,  

Na intermitência poética.  

 

É toda pintura,  

Presa a paradigmas.  

É todo o teatro,  

Desfeito dos dilemas.  

Aparece na calmaria.  

Surge do gelo.  

Rui com a idealização.  

Se desfaz com a Revolução.  

Conceitos  

Foi-se o tempo,  

Que lutávamos  

Por convicção.  

 

Foi-se a era,  

Que lutávamos,  

Por participação.  

 

Foi-se o momento,  

Que lutávamos,  

Por revolta.  

 

Mas ainda não lutamos?  

 

O brasileiro contra a corrupção.  

O pobre pelo pão.  

Ideologias e Indignação.  

A nova e a velha concepção.  

Brasil em plena movimentação. 

Ser de liberdade

 

Jogava écarté na mesa.  

Podia escolher,  

Sete ou Três,  

Copas ou Espadas.  

Morreu na sua escolha.

 

Hipocondríacos Visionários

 

A sonoridade se espalha,  

Mas com o surdo se interrompe.  

O amor se revela em partes,  

Como em ódio.  

 

O Sol aparece todas as manhãs,  

Mas com nuvens pode se ofuscar.  

As árvores germinam,  

Como a praga.  

 

Tudo que é bom pode ser cínico,  

Para esses hipocondríacos.  

Faça-se uma lavagem cerebral,  

Cria-se um novo mundo,  

Acaba-se a antiga glória.  

 

Barco Viajante

 

Viaja barco,  

Sem rumo, mas com sonhos,  

Sem medo de dizer,  

Que está sem direção.  

 

Navega barco,  

Para longe,  

Onde tudo é um mar aberto,  

Somente com conexão,  

Com o infinito.  

 

Voa barco,  

Para testar a minha imaginação,  

E comprovar,  

Que ela é sem limites.  

 

Sem tu, barco,  

Não estaria criando,  

Não estaria pensando,  

Não estaria imaginando.  

 

E por todos esses fatores,  

Peço,  

Pare no meu porto todas as manhãs.

 

De uma poça

 

Andava, vagando,  

Horizonte vazio.  

No caminhar, andando,  

Algo de olhar macio,  

Uma poça.  

 

Não era grande,  

Óbvio, tinha água.  

Ande logo, ande,  

Antes de secar de tanta mágoa.  

UMa poça.  

 

Finquei uma estaca,  

Finquei um pilar,  

Finquei um pé de jaca,  

Finquei meu falar.  

UMA poça.

 

Moldei uma porta,  

Oh, janelas,  

Olhei a paisagem morta,  

Suplico, mais flores, elas.  

UMA Poça.  

 

Sai da cidade,  

Encontrei um manto.  

Minha plena mocidade,  

Achei em algum canto,  

UMA POça.  

 

Nada e tudo,  

Minha morada,  

Céu, e fico mudo,  

Minha pousada,  

UMA POÇa.  

 

E por quê?  

Andava, vagando,  

Horizonte, vazio.  

No caminhar, andando,  

Algo de olhar macio,  

ENCONTREI UMA POÇA. 

Motorista Ateu 

 

Do Jardim a Rua,  

Tomé se distorceu.  

Virou e passou a Lua,  

E logo prometeu.  

 

Se visse branco,  

Não contestaria.  

Se visse negro,  

Logo choraria.  

Se visse vermelho,  

Queria branco. 

 

Versos explicativos do meio eterno

 

Campos belos,  

Que iniciam pelos lírios,  

Passam pelos ipês,  

E terminam no capim seco.  

 

Vida bela,  

Que inicia pela juventude,  

Passa pela maturidade,  

E termina na velhice.  

 

Estrofes belas,  

Metáfora.  

Realidade,  

Explicação. 

 

O porquê do exílio

 

Por que falar sobre o que é bom,  

Se o ruim que me fez sair.  

Se Gonçalves queria aqui,  

Quero é ficar ali.  

Sujas são as palmeiras do meu Brasil,  

Obra do descaso social.  

Feias são as palmeiras do meu país,  

Graças ao desleixo total.  

 

Péssimas são as melodias dos sabiás do meu Brasil,  

Tristeza com o Congresso Nacional.  

Gordos são os sabiás do meu país,  

Sedentários com burocracia judicial.  

 

Lâmpadas são as estrelas do meu Brasil,  

Esgotadas com as elites.  

Sinais são as estrelas do meu país,  

Do que virá aos milhões de senis.  

 

Gosto muito daqui,  

Mas preciso ficar ali.  

Com muita saudade,  

Faço desse um recado sem maldade.  

 

Expressar o sentimento,  

Mesmo que por um momento.  

Nada mais patriótico,  

Mesmo que mínimo no caótico.  

Quando as ondas voltam

Ah, nau,  

Por que lhe vejo agora,  

Tantas lembranças,  

Já tinha esquecido.  

 

Faço mal?  

Trazia consigo, sempre,  

Tanta angústia,  

Tanta dor,  

Nostalgia e melancolia.  

 

Ah, nau,  

Mas como Colombo,  

Permitiu a mim,  

Algo, as Américas.  

Estou feliz.  

 

Bonita

 

Não és a mais charmosa,  

Pela sua face,  

Muitas cútises se equiparam.  

 

Não és a mais bela,  

Pelas pernas,  

Há outras de mesma formosura.  

 

Não és a mais intrigante,  

Pelos seus quadris,  

Várias são tão misteriosas.  

 

É, és a mais,  

Pela sua graça cubista,  

Que a partir do olhar,  

Começa e germina beleza completa,  

No conjunto da obra. 

 

Soneto do Poeta

 

Risos,  

Escrita.  

Lúdico,  

Escrita.  

 

Medo,  

Escrita.  

Segredos,  

Escrita.  

 

Racional.  

Natural,  

Melancolia.  

 

Irreverência.  

Natural,  

Nostalgia.

 

Metalinguística do ABC que faço

 

Agora armo arte,  

Bebo o bálsamo dos Bálcãs,  

Crio carne crua.  

 

Fora dos paradigmas,  

Uso a poesia,  

Enobreço-me com ideias,  

Faço o manuscrito.  

 

Auge ambiciono no arcaico,  

Base da barda bestialidade,  

Creio e capino, cânones.  

 

Com a nostalgia,  

Busco o brilho no passado,  

Mesmo estereotipado como errado,  

Consigo fazer-lhe obra.  

 

Acabo alimentando a alma,  

Bonificando o budista do brejo,  

Cainana ÚNICA na cajarana cearense.  

 

Termino com novos pilotis,  

De espírito incrementado,  

Acho luz no Saara!  

Acho luz na realidade!  

Poesia acabada,  

Na única estrofe hexaversada! 

Condolências a Ismália, de Alphonsus

 

Estava no velório,  

Pouco deste viu.  

Logo brincava com Cubas,  

E com asas partiu.  

 

Tentou voltar a areia,  

Mas logo sucumbiu.  

Do tenro e belo agonizar,  

Perto sentiu. 

Contra vontade

 

Por que obrigar,  

A flor a desabrochar,  

Se ela não quer.  

 

Por que obrigar,  

O vento a virar brisa,  

Se ele não puder.  

 

Por que obrigar,  

A paixão a virar amor,  

Se ela não fluir.  

 

Não há razão,  

Perda de tempo.  

 

Por que na imaginação,  

Obrigação,  

Sempre será segunda ordem. 

Brasil S.A  

 

Terras em pleno estio.  

Ruas, meio de Abril.  

Estamos sempre em contra tempo,  

Esperando pelo vento.  

 

Torcemos por momentos,  

Melhores do que no nosso passado.  

Esquecemos os sofrimentos,  

Piores a cada pedaço ultrapassado.  

 

Sempre ouvimos falar,  

De dia de terror,  

De armas de furor,  

Monopólio do opressor.  

 

Sempre escutamos sussurrar,  

Sobre dias de dominação,  

Com presença de multidão,  

Mas essa sem poder de reação.  

Sempre ouvimos pronunciar,  

A respeito de política,  

Momentos sem logística,  

E sem glórias nem críticas.  

Mas quem nunca escutou,  

GUERRILHA.  

 

Mas quem nunca leu,  

REVOLTA. 

 

Mas quem nunca viu,  

JUVENTUDE.  

 

Foi assim que a ditadura caiu,  

Foi desse jeito que a metrópole saiu,  

A crítica se construiu.  

A liberdade se constituiu.  

E continuamos a lutar. 

Manifesto para um poema de Pandora

Quero um novo tom,  

Talvez branco e cinza.  

Quero uma nova poesia,  

Como fizeram os neoclássicos.

 

Peço que tenha sentido,  

Eterno calor de mortos.  

Peço que transmita a alma,  

Dos que foram e já voltaram.  

 

Sugiro novas roupas,  

Borrões de ideias alemãs a mancharão.  

Sugiro velhas saudades,  

As melhores são as da velhice.  

 

Recomendo métricas eloquentes,  

Acho que em 1,4,6,3,8...,  

Recomendo que a reescreva várias vezes,  

Que tal escolher a que tem a letra mais bonita?  

Convoco voluntários,  

Tintas e papel.  

Convoco a juventude,  

Todos que foram enterrados em 1968. 

Bases para uma Cadeira Oswaldiana 

 

José,  

Mesa e bule,  

Biscoitos e cesta,  

Retratos nos quadros.  

 

Quer sair,  

Tédio e grude,  

Busca modernidade,  

Mês de Junho,  

Sentado e fixo.  

O Bélico Novo

 

“Há soldados armados, amados ou não.  

Quase todos perdidos de armas na mão.  

Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição.  

De morrer pela pátria e viver sem razão.  

Nas escolas, nas ruas, campos, construções.  

Somos todos soldados, armados ou não.  

Caminhando e cantando e seguindo a canção.  

Somos todos iguais, braços dados ou não.  

Os amores na mente, as flores no chão.  

A certeza na frente, a história na mão.  

Caminhando e cantando e seguindo a canção.  

Aprendendo e ensinando uma nova lição.”  

Geraldo Vandré  

 

Para ter guerra,  

Não é preciso motivo.  

Não é preciso país.  

Não é preciso o primeiro golpe.  

 

Começasse pela arma.  

Tens a energia,  

Procura-se um inimigo,  

Formasse a tropa,  

Os conceitos surgiram,  

E ainda são aplicados.  

Mas agora são novos conceitos,  

Para serem lapidados.  

 

Faça das flores,  

As mais fortes armas.  

Faça das mulheres, 

As mais tenras tropas.  

 

Faça o inimigo,  

O próprio conflito.  

Faça do amor,  

O maior alistamento.  

 

Um dia faremos esse paralelismo.  

Um dia teremos raios de sol.  

Quando não tivermos uma coisa:  

Sentido para a guerra.  

Ilha Fértil 

 

Moro numa ilha,  

Onde tudo é verde,  

Que é sempre bela,  

Seja noite ou dia.  

 

Moro numa ilha,  

Onde colho todas as manhãs,  

Orquídeas brancas,  

Em pleno desabrochar.  

 

Moro numa ilha,  

Onde cocos entregam,  

Todos os dias,  

Água doce e leite puro.  

 

Moro numa ilha,  

Onde pulam os macacos,  

Sem parar,  

Avisando o nascer e o pôr do sol.  

Essa ilha que tanto falo,  

É uma divina moradia,  

Dentro da minha mente,  

Onde sempre posso me refugiar. 

Noite de Vinho

 

Dicionário,  

Baco, Zeus, Têmis...  

... Apolo.  

Para que volto a mitologia?  

Olha o Apolo...  

A seca
A ao quadrado
Ser de liberdade
Hipocondrícos visionáros
Barco viajante
De uma poça
Motorista ateu
Versos explicativo do meio eterno
O porquê do exílio
Quando as ondas voltam
Bonita
Soneto do poeta
Metalinguística do ABC que faço
Condolências a Ismália
Contra vontade
Brasil S.A.
Manifesto para um poema de Pandora
Base pra uma cadeira
O bélico novo
Ilha Fértil
Noite de vinho
Conceitos

Frente ao Olimpo

 

Oh,  

É a escada?  

É a coluna dórica?  

É o céu...  

Ouço os ventos,  

Atena e Zeus,  

É o Céu.  

 

Frente ao Coliseu

 

Oh,  

Faço releitura...  

... parece-me do Monte Olimpo,  

Minerva e Júpiter,  

É o céu de Saturno.  

Marco na Madeira

 

Tez,  

Sem o creme e ainda...  

... macia,  

Iracema e suas características.  

 

Olho, eu olho,  

E queria...  

... mudar algo, MAS...  

... Não há o que transfigurar.  

 

Aquele sinal na pele, na face,  

Não é cisto, nem ferrugem,  

É colateral da homeopatia.  

 

Olho, eu olho,  

Mogno,  

Lixado pelo mel.  

 

Nuvem Roxa

 

Meros devaneios,  

Tolos carpinteiros,  

Constroem uma imagem,  

Ah, só miragem.  

 

Ofuscados realistas,  

Fazem doces utopias,  

De uma nuvem roxa,  

Criam sua bandeira.  

 

Pobres surreais,  

Querem jornais,  

Com notícias futuras,  

De um tempo romântico.  

 

Pobres e ofuscados carpinteiros,  

Porém nuvens roxas.  

São necessários,  

Para sair da depressão.  

O ato

 

A cada dia, o homem constrói.  

Com um boom, uma nova geografia,  

Pelo amor, novos filhos,  

Por meio de moedas, novos reis.  

 

A cada dia, o homem destrói.  

Com um boom, menos uma cidade,  

Pelo amor, as piores doenças,  

Por meio de moedas, velhas tiranias.  

 

O homem pode reinventar.  

De um arco, faz-se a íris,  

Do esquizofrênico, cria-se à arte,  

Com árvores, muda-se o ar.  

 

O homem pode optar.  

Mas para acertar,  

Basta a primeira boa ideia,  

E desencadeia-se o processo. 

Jirau de Ar

 

Maria no sapé,  

Procura Arroz,  

Feijão, Farinha, Água.  

Mercado do Seu Pedro,  

Alpercatas na terra.  

Astro

Vejo,  

Cedo...  

Tarde...  

E sei que vivo.  

 

Ilumina,  

Alvo...  

Alaranjado...  

Meu tempo.  

 

Aquece,  

Quando aparece...  

Ou só por ver...  

Gesto de bondade.  

 

Corrobora diariamente,  

Exacerbada rotina.  

De seus filhos...  

... Acabou Pompéia.  

 

Dia, pai,  

Noite, filha,  

Ciclos,  

E parece eterno.  

 

És Sol,  

Asteca, Chinês ou Grego,  

És Lua,  

Descendo e subindo,  

No azul anil de céu e mar,  

No preto da penumbra infinita.  

 

És Sol,  

És Lua,  

És a dor que sara,  

És o Deus dos Maias,  

E diz...  

... aproveite a vida...  

Le Petit Voyage

 

Julgas falso tal trem,  

Único por perseguir azuis.  

Tens medo de faltar carvão,  

Porém sempre haverá sono.  

 

Faça da passagem uma saudade,  

Preço único de Morfeu.  

Crie caminhos de continuidade,  

Extremos Orientes.  

 

Busque forças espirituais,  

Tônus de bálsamos.  

Entre agora pela gare,  

Pelo túnel passará.  

 

Caso volte, venha com presentes.  

Tenha asas angelicais de Harpia,  

Lentes rotas do profano futuro,  

E com a culpa de não ter ficado.  

Soneto dos maiores artistas  

Loucos?  

Como de um terreno vazio,  

Vêem folha branca e  

Fabulosa ideia?  

 

Doentes?  

Como de um lápis preto,  

Fazem misturas de linhas e  

Criam a América?  

 

Parece impossível, mas basta delimitar...  

... para eles criarem novos sonhos,  

Como deuses gregos, nada e agora anil.  

 

Não restam dúvidas, são perfeitos.  

Início-Meio e  

A obra já enaltece a alma.  

 

Jovem em metavida  

Foi-se a primeira guerra,  

Escreveu um diário,  

Perdeu a escola,  

Julgava ser forte.  

 

Porém, veio o novo sabre,  

Escreveu um livro de contos,  

Perdeu o trabalho,  

Queria jogar bola de gude.  

Cólera  

Jazia de medo,  

Batizava o sangue.  

Queria seu mal,  

Pedia plena praga,  

Corvos no milharal.  

Rue D’ Dominus  

 

Dia vive,  

Cria ervas e bois.  

Dia sai de casa,  

E vai para gare,  

Chega a uma cidade linda,  

Há vários mil pés.  

Escada

 

Constrói quando subo,  

Falso quando desço,  

Solene aos jovens,  

Diferente, e tão alucinógena.  

Tende a ser vilã?  

... tijolo após tijolo.  

 

Vejo o sol de meio-dia,  

Profunda agonia,  

Nas repetições isométricas,  

De qualquer prédio,  

As sombras...  

... de uma escada?  

Sou perseguido.  

Crônicas de um Rei

Gozava de um pedestal,  

Mas chegava o momento,  

Pediu a cavalos, DERROTEM!  

Foram, e voltaram caveiras.  

Quisera misericórdia divina,  

Quisera ter um grande reino,  

Volta do Príncipe.  

 

Saúdam o novo Rei!  

Triunfo

A Dor.  

A Miragem.  

Mais forte Dor.  

A mais plena vontade.  

Momentos finais da batalha.  

Luta, briga, juramento.  

Mais forte Dor.  

Desilusão.  

Vitória.  

Zênite.  

Obras da infância

 

João era criança,  

Estava no jardim de casa.  

Era menino, e tudo queria saber.  

Brincava na jabuticabeira e via uma sombra,  

Muito estranhava, tal aparência e olhos.  

 

João associava, mas não entendia,  

Como podia ser um só.  

Mamãe explicou,  

Com divina pressa.  

Era forma única,  

E crescia entre as pedras.  

Tinha Tinha Tinha  

Olhos Com o sol Por João  

De lince. Um pacto. Respeito.  

 

João nunca mais esqueceu.  

Olhos translúcidos

 

Via bem.  

 

LUZ Via o novo. CRIANÇAS  

 

NOITE Via a penumbra ESTRELAS  

 

MAR Via os peixes. REFLEXOS  

 

Viu Deus,  

E se cegou.  

 

De  

Tanta  

Maravilha,  

Não aguentou,  

Foi Tomé.  

Soneto da Cura do Sofrimentos

O sofrimento é algo dúbio.  

Pode fazer uma bela construção,  

Como pode causar destruição,  

O que inicia sua inconstância.  

 

O sofrimento é algo ambíguo.  

Faz do tolo alguém forte,  

E do diplomado o mais ingênuo,  

Criando espelhos.  

 

Quase tudo o que preservamos um dia acaba,  

Faz do nosso amigo o mal  

E o teto se retrai.  

 

Mas se procuramos nirvanas,  

Preservamos o todo-nada que é o eu  

E o sofrimento cria bases de areia.  

Inquieto

 

Inquietude,  

Reside na plena vontade,  

Do infinito desejo,  

Que esbarra no próprio querer.  

 

Estás confuso?  

É por que escrevo.  

Minhas incertezas são angustiantes...  

... ansiedades,  

De quem que fala com um filósofo,  

Nas estrelas...  

O ar mestre

 

A ventania passa no oceano,  

Vira brisa,  

Nas ondas do mar, furacão,  

Na areia, doce marola.  

 

Chega aos coqueiros,  

Às palhas das barracas,  

Brisa bela,  

Configurada...  

Abstrata...  

 

Oh, cidade...dor...  

... mudastes meu ar...  

... com seu cinza imenso.  

Nova morada

 

Muderno,  

Falo e com respeito!  

Por que não quero,  

Falar como o burguês que sou.  

 

Se tenho casa,  

Se tenho água,  

Se tenho comida,  

Se pago minhas dívidas,  

Se viajo,  

Se posso contemplar o nada...  

... sou burguês.  

 

Mas não devo, não posso,  

Quero servir,  

E começo ao falar...  

...MUDERNO!  

Bem alto,  

Toda vez, Oscar Niemeyer,  

Ao construir. 

Dia de Aula

Sala de aula,  

Transparece minha alma,  

Nossa como é chata...  

... Espero horas e... ahhhhhhhh...  

Bocejo.  

 

Quando acaba,  

Alívio.  

Mas minha aura... continua desperta,  

Desejando... voltar?  

Dia após dia...  

... no horror que me faz feliz?  

 

Sim, vida minha,  

E mais, também és aula,  

Tendo a rotina ...  

... como professor...  

... da tristeza mais festiva.  

Milagre  

 

Nasci...  

... e gosto da vida.  

Terra de meu pomar

 

É negra e já ponho,  

É vermelha, me espanto,  

É areia e desisto,  

É verde, já existe.  

 

Onde brotará meu pé?  

Chamarei o Zé,  

E do buraco,  

Nascerá completos...  

... Moinhos.  

 

Moinho,  

Não de vento,  

Mas meu pomar,  

Que dá sombra,  

Que dá fruto,  

Que dá panorâmica,  

De câmera KODAK.  

Perigo

 

Calmo,  

Normal,  

Um pouco estressado,  

Preocupado,  

Com medo,  

Correndo,  

Sem digitais.  

Madeixas de Gorbachev

 

Revolução do proletariado,  

Ditadura socialista,  

Mas Marx acabou...  

... em seguidas opressões,  

Em Vermelho Sangue.  

 

Como é linda a contradição,  

A maior prova do comunismo russo...  

Um natal do seu fim...  

Tenho de novo sono,  

E sonho novamente em ti.  

Saudoso tijolo da Rua 13

 

Oh, cortiço da Rua 13,  

Como era bom ser feio,  

E tudo ao redor, beleza,  

Tinha razão de seu apelido.  

 

Ah, cortiço,  

És bonito agora,  

Perto do que vejo,  

Um prédio - contemporâneo a direita...  

Um prédio-vidro a esquerda...  

Calafrios!  

Campo

Hum, bucólica grama verde,  

E piso no verde,  

É verde, sou verde.  

Longe do cinza,  

Até entrar em casa.  

Overdose necessária

Cansaço,  

Aliviado...  

Depois de mil horas, um sofá.  

Dor,  

Só sei o que é sarar...  

Se a sofro profundamente.  

 

Confusão,  

Realmente me norteio...  

Quando outrora perco meus eixos.  

 

A luz não me ofusca,  

Se vi muito branco,  

E se a penumbra foi também meu caminho.  

 

A paz?  

Na medida que já ouve guerras,  

Lá fora...  

Ou dentro do ser.  

 

Tão fraco...  

Que estou confortável,  

Realmente descanso.

Frente ao Olimpo
Frente ao Coliseu
Marco na Cadeira
Nuvem Roxa
O ato
Jirau de Ar
Astro
Le petit voyage
Soneto aos maiores Artistas
Jovem em metavida
Cólera
Rue D'Dominus
Escada
Triunfo
Crônicas de um rei
Obras da infância
Olhos translúcidos
Soneto da Cura
Inquieto
Ar Mestre
Nova morada
Dia de Aula
Terra do meu pomar
perigo
Madeixas de Gorbachev
saudoso tijolo da rua 13
campo
Overdose necessária
Milagre

 

I - Devaneio - Queria 

 

Não é óbvio...  

Se olhando vejo,  

Se ouvindo escuto,  

Se tocando mexo...  

Porque o mundo não percebeu,  

Minha real intenção.  

 

II - Devaneio - Soneto sois "O"  

 

O.  

Uma letra miúda.  

Uma letra só.  

O.  

 

É um círculo?  

É o movimento da Terra?  

É a porta do céu?  

Certo, um pensamento.  

 

Fixo meu lápis,  

No papel, na parede, na tela...  

Estás lá.  

 

Minha admiração,  

Mais um “h”,  

Oh!  

 

A árvore da manhã

 

Perguntas para mim:  

- O que é paisagismo, senhor?  

E respondo contente:  

-Paisagismo é ouvir periquitos ao nascer do sol.  

Receoso, procuras saber a razão, e esclareço:  

- Por que seu cantar é a certeza de ter uma árvore ali. Um espaço belo, uma paisagem, talvez modificada por mim.  

 

Canto da Parede

 

Suspiros,  

Sou seminarista,  

A olhar deusa e...  

estudar.  

 

Católico,  

Islâmico,  

Budista,  

Estou a averiguar sua existência.  

 

Mulher, ah, mulher,  

De curvas e encontros,  

Perfeita, criadora.  

 

Beleza de sorriso suave,  

Ah, posando em minha casa,  

Bem na quina da parede.  

 

Buteco seco

 

Garçom, cadê?  

Gerente, suplico...  

Meu torresmo!  

 

Garçom, chegaste?  

Minha cerveja, cadê?  

Sentado espero.  

 

Garçom, nem vi.  

Três horas avariado.  

Meus amigos, cadê?  

 

É... segunda-feira,  

Boteco fechado. 

 

Camponês Dois

 

Terra vermelha,  

Terra mexida,  

Terra semeada,  

Terra plantada,  

Terra crescida,  

Terra murchada,  

Terra de novo,  

Terra dos outros,  

Sem-terra.  

Uma estrela

 

Ah!  

No ar?  

Oh!  

No céu?  

Ah!  

Aqui?  

Oh!  

Lá longe?  

Eh!  

Vejo agora.  

Ih!  

Não morra, não...  

Há, bem, as gaivotas,  

Partia o pequeno príncipe.  

Lobo

 

Lua,  

Estás como quero,  

Cheia.  

Sol, ah, vai demorar.  

 

Uma estrela,  

Como nexo cardeal,  

Glória,  

Vejo bela, Lua.  

 

Construo um obelisco,  

Em sua homenagem.  

Um monumento,  

Em plena sua Lua Cheia.  

 

Afrodite,  

Olhe pela tua irmã,  

Que controla a maré  

E a minha mão.  

Vênus,  

Como primordial bálsamo,  

A me banhar,  

Em todo luar.  

 

Uivos perdidos a noite...  

Nas ruelas

 

Depois de olhar aquela que amo...  

 

Complexo,  

Como definir?  

 

És bela,  

Ardência em chamas,  

Uma perfeição planejada.  

 

Quando toco,  

Fios arcanjos,  

De um pé-direito.  

 

Só pela palavra...  

Mulh...  

Cidad...  

Me confundo,  

Por não haver resposta.  

Cada frase um beijo tenro,  

Será de brisa ou de lábios?  

Pôr-do-Sol,  

Arranha-céu.  

Como falar de amor?  

Gotículas

 

Um toque,  

Tenho raiva,  

Soda cáustica no balcão.  

 

Precisa de que?  

Éter.  

 

Alquimia,  

Meus sentimentos.  

 

Para cliente,  

Acetato de benzina,  

Numa flor, jasmim.  

Era freguesa especial.  

 

O singelo 

 

É tolo o homem que  

Só vê beleza na tenra mulher,  

E o charme da flor só repudia,  

Sendo esta chama tão efêmera,  

Mais eterna no seu durar.  

Na acidez do Cerrado

 

Deus escreve por linhas tortas...  

... um angelim, um pequizeiro, um ipê,  

Melhor um IPÊ,  

Amarelo ou roxo,  

Pau que nasce torto,  

Na intenção de te desviar o olhar. 

Piscar

 

Ao olhar para o céu,

Me indicaram para olhar a Terra.  

Motivação de um pôr-do-sol

E a embriaguez da saudade.  

Tão distante

 

Estou a fazer um trabalho,  

Oh intenção platônica,  

Bela e tão próxima,  

Estou escrevendo este poema,  

Bem ao seu lado.  

 

Em perigo constante,  

Sou tímido,  

Mas escrevendo meus sentimentos,  

Bem ao seu lado.  

 

Tenho medo,  

E tão grande afeição,  

Bem ao seu lado.  

 

Queria que fosse fácil,  

Explicar.

 

Ilha Vermelha

 

São tolos,  

São todos tolos,  

Aqueles todos,  

Esses todos,  

Estes todos,  

Todos.  

 

Burrice,  

Meninice,  

Besta e cheia de maluquice,  

E ninguém me disse,  

Eu vi...  

 

Matou,  

Morreu,  

Lutou,  

Perdeu,  

Jogou...  

 

A terra prometida,  

Em que Deus nos confiou,  

Um dia foi jurada,  

Pelo quem nunca lhe agradou,  

Com certas palavras erradas.  

 

Homens,  

Melhor, ratazanas,  

Juraram em vão, promessas...  

De felicidade,  

Atingida por guerrilha.  

 

Oh, terra prometida...  

Nunca quis que fosse...  

Jurada por sangue...  

Mas, hoje...  

Seu codinome.  

 

Seria tão fácil navegar,  

Seria tão fácil seguir,  

Seria tão fácil alcançar,  

Oh, terra prometida,  

Jurada por sangue.  

 

Eu confio,  

E sei que no fundo confias,  

O mundo lhe merece,  

Todos,  

Aqueles, esses e estes.  

 

Um barbado jovem foi assassinado,  

Por sua causa.  

Um barbado grisalho,  

Escreveu por sua causa,  

Livros...  

 

Uns tantos vermes,  

Reinaram em vão por sua causa.  

Uns tantos homens,  

Caíram por sua causa,  

No chão...  

 

Queria que fosses minha,  

Oh, terra prometida,  

Jurada por sangue.  

Mas só penso,  

Na nau...  

 

Os homens não entendem,  

Dizem que sou louco.  

Os homens não entendem,  

O valor,  

Da harmonia...  

 

Já passei por crises,  

A Santa Igreja já passou por crises,  

As terras férteis do Ural já decaíram,  

O Colosso ainda reina,  

E eu sou mais uma formiga engessada.  

 

Por que não me deixam ter crenças?  

Por que é tão suja minha rua?  

As árvores ficam floridas em minha janela...  

E a terra prometida...  

Está tão longe.  

 

O trânsito flui,  

O ônibus das 18 chega a minha morada,  

Os peixes secam o remanso,  

E minha namorada descansa a duas quadras.  

Cadê minha caravela?  

 

Choro,  

Por dentro,  

Ao ver minha rotina condicionada,  

Ao sistema...  

De Mississipi.  

 

Não quero ser mais rico:  

Do que você,  

Do que ele,  

Do que mim.  

Lágrimas pelo ralo...  

 

Quero viajar,  

Ver todas as culturas,  

Sem passaporte,  

Sem um refil de balas,  

Só com minhas artérias trabalhando.  

 

A terra prometida,  

Tem árvores e um banco na praça,  

É cheia de vida,  

E posso apertar,  

A mão de um japonês.  

 

A terra prometida,  

É livre,  

Em sua mais plena metalinguística,  

Livre,  

De preconceito.  

 

A terra prometida,  

Não fica triste,  

Com os simples acasos da vida,  

Porque sempre há...  

Um irmão ao seu lado.  

 

Hoje sou tão solitário...  

Oh, terra prometida,  

Jurada por sangue,  

É a ilha vermelha,  

Só por que não é realidade.  

 

Oh, terra prometida,  

Idealizei-te,  

Juntando provérbios...  

De Marx...  

E de Deus...  

Minha bíblia é:  

O Capital,  

O Manifesto Comunista,  

A Bíblia,  

Meu cobertor.  

 

Os homens não entendem,  

Dizem que sou louco.  

Os homens não entendem,  

O valor,  

Da harmonia...  

 

Nem a atual Igreja,  

Nem os velhos cães vermelhos,  

Nem os drogados,  

Nem minha família...  

Talvez nem Deus me entenda...  

 

Oh, terra prometida,  

Jurada por sangue,  

Jurada com sangue,  

Não devia ser jurada,  

Devia ser o ar. 

Ilha vermelha
tão distante
piscar
na acidez do cerrado
gotículas
o singelo
nas ruelas
lobo
buteco seco
camponês dois
uma estrela
canto da parede
ii - devaneio
a árvore do amanhã
i - devaneio
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